Nossa vitória foi apenas adiada, diz Marine Le Pen, após boca de urna indicar partido de extrema direita em 3º lugar na França
Marine Le Pen, líder da extrema direita da França, após a divulgação dos resultados de boca de urna do segundo turno das eleições legislativas do país — Foto: Sarah Meyssonnier/Reuters
Após a boca de urna indicar que o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN) ficou apenas em terceiro lugar nas eleições legislativas francesas, a líder histórica da sigla, Marine Le Pen, disse que a sua vitória foi “apenas adiada”.
Marine Le Pen lutava para que seu partido conquistasse a maioria dos assentos da Assembleia Nacional para poder indicar seu correligionário Jordan Bardella como primeiro-ministro. Em um outro revés para a família de Marine Le Pen, sua irmã, Marie-Caroline, não deverá conseguir uma cadeira no Parlamento.
Pesquisas de boca de urna apontam vitória da esquerda no segundo turno das eleições legislativas na França. A informação é da pesquisa Ipsos-Talan para a rede estatal de rádio e TV. Os resultados oficiais ainda não foram divulgados. Veja os resultados de boca de urna:
- Nova Frente Popular (esquerda): entre 172 e 192 assentos
- Juntos (governista, de centro): entre 150 e 170 assentos
- Reunião Nacional (extrema direita): entre 132 e 152 assentos
A Assembleia Nacional possui 577 assentos; são necessários 289 cadeiras para a formação de uma maioria capaz de definir o primeiro-ministro.
Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para obter maioria — apesar das pautas distantes e até opostas em muitas questões de ambos.
Primeiro turno
No primeiro turno, no último domingo (30), o Reunião Nacional, partido de extrema direita de Marine Le Pen e de Bardella, conquistou a maioria dos votos: 33% deles. A Nova Frente Popular, um grande bloco de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar, com 28% dos votos, e o bloco centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos.
Esquerda e centro desenham o cordão sanitário contra a extrema direita desde a semana passada, quando Macron propôs a formação de uma aliança. A união, na prática, daria a esse novo grupo a maioria no Parlamento, o que, na França, garante o direito de nomear um primeiro-ministro.
Ao longo da semana, mais de 200 candidatos centristas e de esquerda desistiram das disputas para aumentar as chances de seus rivais moderados e tentar impedir que candidatos da extrema direita vencessem. O cordão sanitário também ganhou apoio de celebridades como o ex-jogador Raí e Mbappé, o capitão da seleção francesa.
De acordo com as principais pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta semana, o número de assentos do bloco da esquerda e do centro seria suficiente para garantir uma maioria absoluta, de 289 cadeiras no Parlamento francês, e, assim, indicar um primeiro-ministro. Mas há incertezas em relação à participação dos eleitores.
Pelo sistema político da França, semipresidencialista, o primeiro-ministro, indicado pelo partido ou coalizão que conquistam maioria no Parlamento, governa em conjunto com o presidente — este eleito em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas e que, na prática, é quem ganha mais protagonismo à frente do governo.
No cenário de os dois serem de lados opostos, forma-se o chamado governo de coabitação. Nesse modelo, o presidente mantém o papel de chefe de Estado e da política externa — a Constituição diz que ele negocia também tratados internacionais—, mas perderia o poder de definir a política doméstica e de nomear ministros, o que ficaria a cargo do primeiro-ministro.
Com as eleições em tempo recorde, os candidatos tiveram também apenas três semanas de campanha, marcadas pelo discurso de ódio. O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que o seu ministério registou 51 ataques verbais e físicos contra candidatos.
Darmanin disse que 30 mil policiais serão destacados no domingo, incluindo 5 mil na região de Paris, para garantir que os resultados das eleições “sejam respeitados, sejam eles quais forem”. Ele disse que as reuniões fora da Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento, foram proibidas.
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