Acuado por Willian Bonner no Jornal Nacional, ontem à noite, Jair Bolsonaro deu o troco no global. Bonner questionava o ex-capitão do Exército por defender as práticas ditatoriais do regime militar de 1964, quando o presidenciável do PSL, remexeu as feridas da TV Globo, perguntando a Bonner se ao apoiar o golpe militar, Roberto Marinho, falecido em 2003, foi “ditador ou democrata?”. Depois de engolir em seco, Bonner disse que essa já era uma questão superada na emissora e que ela até já publicou editorial pedindo desculpas por ter apoiado o golpe no passado.
De resto, Bolsonaro pregou para convertidos. Suas posições preconceituosas, homofóbicas e até raivosas já são conhecidas e apoiadas por seus seguidores. Chocou quando disse que a polícia tem que matar mesmo, e que policiais que matarem 20 criminosos devem ser condecorados.
O fato de ter se mostrado inculto, desconhecedor de economia e, muitas vezes, até ignorante, não surpreende mais ninguém. Afinal, embora lidere as pesquisas com 22%, ele também é o mais rejeitado, com quase 40%. Aliás, essa questão da rejeição foi um dos temas de outra entrevista a ele que se submeteu nos estúdios da GloboNews, instantes depois, ainda na TV Globo.
Questionado por Gerson Camarotti sobre sua alta rejeição, Bolsonaro foi incoerente. Disse que as pesquisas eram suspeitas e que não deveria se acreditar nelas, já que os Institutos de Pesquisa sempre erraram muito. Ou seja, quando ele aparece liderando, as pesquisas estão certas, mas quando ele surge como um dos mais rejeitados, os institutos de pesquisa erram. Dois pesos e duas medidas.
iSTO É
Germano Oliveira é editor de política da ISTOÉ