Sobrevivente afirma que voo previa parada para reabastecimento
O técnico aeronáutico Erwin Tumiri, um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que matou quase todo o time da Chapecoense, na terça-feira (29), na Colômbia, revelou neste domingo (4) que estava prevista uma parada para reabastecimento antes da chegada a Medellín.
Falta de combustível é a principal hipótese apontada até o momento para a causa da queda do avião da empresa boliviana LaMia.
Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, Tumiri afirmou que esperava que a aeronave fosse reabastecida na cidade boliviana de Cobija, após ter decolado em Santa Cruz de la Sierra.
“Como técnico, meu trabalho é fazer a checagem pré-voo. Eu fiz um relatório contando com a parada em Cobija”, contou o boliviano. “Aí me disseram que iríamos direto para Medellín. Logo antes da decolagem, perguntei de novo e, mais uma vez, me disseram que iríamos direto.”
Durante a última semana, autoridades da Colômbia também afirmaram que tinham a informação de que haveria a escala, que certamente evitaria o acidente.
Segundo Tumiri, a quantidade de combustível a ser colocada no avião é sempre decidida pela empresa, e ele se limitou a cumprir o que foi determinado pela LaMia.
CONVERSA COM CAIO JÚNIOR
Na entrevista, o técnico boliviano relatou suas lembranças dos momentos que antecederam o acidente, e do que ocorreu logo após a queda.
Tumiri contou que passageiros e tripulação não tinham consciência de que o avião estava caindo e, assim, desmentiu o rumor de que havia se salvado por ter seguido um procedimento especial de emergência.
“Ninguém percebeu que [a aeronave] iria cair. Estávamos nos preparando para um pouso normal.”
O boliviano revelou que, poucos momentos antes do acidente, estava em uma animada conversa com o técnico da Chapecoense, Caio Júnior, uma das 71 pessoas que perderam a vida na tragédia.
“Ele estava me ensinando a falar português. Foi então que deram o aviso para afivelar os cintos de segurança, aí voltamos para nossos lugares. Senti que o avião estava vibrando, mas achei que fosse algo normal.”
Tumiri, que ajudou a resgatar a comissária de bordo Ximena Suárez, outra sobrevivente, contou que deseja conhecer Chapecó.
“Às vezes sinto como se tivesse sido salvo por eles [os jogadores], como se eles tivessem dado suas vidas pela minha. Por isso, agora tenho o sonho de ir à cidade.”