JOGO DE XADREZ nas Eleições de 2018 da Paraíba, por Sérgio Bezerra
As peças para as eleições majoritárias deste ano, na Paraíba, vão se mexendo aos poucos, como se estivéssemos vendo um jogo de xadrez. A oposição (que teria mais competitividade caso partisse para o embate eleitoral unida), parece-nos enfraquecida com a decisão do senador Zé Maranhão de ser candidato pelo MDB, partido do qual é dono.
Essa candidatura atingiu em cheio as pretensões do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, também cotado para governador, uma vez que p seu vice-prefeito é Manuel Junior, também do MDB –e este, apesar de jurar fidelidade ao prefeito, ainda não deu sinais de desembarque da sigla. Seria este o motivo da desistência de Cartaxo?
Outro postulante, Romero Rodrigues, prefeito de Campina Grande, carrega drama parecido. Caso renuncie, quem assume é Enivaldo Ribeiro, do PP, pai da deputada estadual Danielle Ribeiro e do deputado Federal Aguinaldo Ribeiro (aquele mesmo que, independentemente do condutor, sempre ficará à sombra do Governo Federal). Sem esquecer que Enivaldo, como prefeito, certamente tentará coroar o final de sua carreira política com uma reeleição, fato que incomoda profundamente o clã Cunha Lima, do qual Romero é um dos próceres.
Nesse tom, restaria a candidatura do senador Cássio Cunha Lima – que, diga-se de passagem, depois da morte do pai, o poeta Ronaldo, vem descendo de ladeira a baixo, politicamente falando. As diferenças de discurso e de atitudes, quando se compara o antes e o depois, são de fazer corar frade de cera. E, caso candidato, terá o ônus de explicar aos trabalhadores comuns, maioria absoluta dos eleitores, porque votou para tirar seus direitos, na tal reforma trabalhista. Resumindo: uma candidatura que outrora foi decantada como leve tornou-se pesadíssima.
Pelas bandas da situação, parece que o ungido é o competente (mas desconhecido) secretário João Azevedo, que tem a missão de fazer do seu governo um “Ricardo III”, embora com uma pitada de tempero próprio. De fato, apesar de ser tido como dono de uma personalidade centralizadora e difícil, Ricardo Coutinho vem fazendo um bom governo – e, se comparado, à maioria das administrações estaduais do país, pode-se dizer que é um espetáculo de governo.
Contra as pretensões de João Azevedo, no entanto, paira o tabu de que Ricardo Coutinho não transfere votos (de fato, as últimas eleições mostraram isso). O fato novo é que Ricardo, sendo candidato a senador,tende a alavancar a candidatura de João Azevedo ao governo.
Acontece que, para a concretização dessa hipótese, o governador carrega o problema comum a Romero e Luciano: a ausência de confiabilidade no vice. No caso, Ligia Feliciano, que foi alçada à condição de vice graças à força eleitoral de Ricardo – mas que, digamos,não tem muita afinidade com o governador. A verdade é que, com a renúncia de Ricardo, quem assume é Ligia Feliciano e ponto final. Daí por diante, não se sabe o que pode acontecer.
Como se percebe, o problema para se dá um Xeque Mate nas eleições majoritárias deste ano, na Paraíba, é o danado do vice.
OPIPOCO