Sul-coreano tem mãos reimplantadas por médico Sertaniense em cirurgia inédita no Nordeste
A cirurgia de reimplante duplo, realizada pela primeira vez em Pernambuco e no Nordeste, foi feita pelo médico Rui Ferreira, o médico é natural da cidade de Sertânia no Sertão de Pernambuco, ele é especialista em cirurgia das mãos e membro titular da Federação Ibero Latinoamericana de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (FILACP). O procedimento consiste, primeiramente, em restabelecer a ligação óssea e em seguida veias, artérias, nervos e tendões para o completo restabelecimento do membro.
O engenheiro sul-coreano fala a língua de seu país e o inglês. Devido à barreira linguística, as enfermeiras da unidade de saúde utilizaram o Google Tradutor para conseguir se comunicar. Foi recomendado pela equipe médica que os membros fossem colocados em sacos plásticos e acondicionados com gelo, sem contato direto, para sua preservação.
Mesmo tendo chegado com um dos membros congelado, devido ao contato direto com o gelo, esta quarta-feira (21) é o quarto dia de pós-operatório e as mãos se encontram sem nenhum problema e totalmente viáveis. “É uma lesão muito grave, mas o fato de ter a mão, psicologicamente, já é um grande fator. É um paciente que deve passar cerca de dois anos em recuperação”, explicou o médico.
Conheça a um pouco da história do médico Sertaniense
Rui Ferreira da Silva nasceu em Sertânia, no sertão de Pernambuco, em 22 de abril de 1946. Teve uma infância difícil, de muito trabalho e pouco estudo. Duas vezes por mês, viajava com o pai Anísio Ferreira da Silva para vender roupas em Paulo Afonso (BA) e trabalhava numa padaria para ajudar na renda da família. Quando fazia uma entrega na casa de D. Marina Magalhães, esta soube que Rui não estava se preparando para o exame de admissão, obrigatório para entrar no Ginásio Cardeal Arcoverde. A professora prontamente se ofereceu para ajudá-lo a se preparar para o exame. A partir daí, não parou mais. Hoje, é um cirurgião de sucesso conhecido em vários países.
Formou-se pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco em 1971 e fez o internato no serviço do prof. Mariano de Andrade, onde concluiu a residência em cirurgia geral. Em seguida, fez residência em cirurgia plástica com o prof. Cláudio Rebello. Em 1976, retornou a Caruaru, atuando como pioneiro em cirurgia plástica no interior do estado.
Em 1982, foi convidado à França a serviço do Prof. Jacques Baudet, pioneiro europeu da Microcirurgia, Naquele país, ficou até 1985 como “attaché des hôpitaux”. Lá também prestou concurso para obter o DU – Diploma Universitário de Cirurgia da Mão e de Microcirurgia. Em 1985, trabalhou por seis meses no 9th People Hospital de Xangai, participando ativamente na área de microcirurgia e cirurgia da mão. Continuou com um estágio no Japãocom o Prof. T. Unizuka, uma das lendas da cirurgia plástica, e com o Prof. K. Harii, pioneiro mundial da transferência microcirúrgica de tecidos.
Em 1986, retornou ao Recife, sendo pioneiro na microcirurgia reparadora, reimplantes, transferências de dedos do pé para a mão e cirurgia do plexo braquial. Atuando no Hospital da Restauração, pôde empregar as técnicas até então desconhecidas localmente.
Em 2005, comemorando 10.000 cirurgias realizadas no SOS MÃO Recife, fundou com o Dr. Mauri Cortez o Instituto SOS Mão Criança, com a finalidade de operar crianças carentes com deformidade nos membros superiores e inferiores. Nessa ocasião, foi realizada a primeira missão humanitária, com o patrocínio da ONG Francesa “La Chaine de L’Espoir” (A Cadeia da Esperança), contando com a participação do prof. Alain Gilbert.
Em 2006, para marcar a inauguração da sede do Instituto SOS Mão Criança, foi realizado um espetáculo com o pianista Arthur Moreira Lima. O “Concerto a 80 mãos”, em alusão às crianças que seriam operadas nessa missão, contou com a participação do médico Philippe Valenti, vice presidente da ONG Francesa “La Chaine de l’Espoir”; da equipe do Institut de la Main da Clinica Jouvenet Paris; e do Dr. Piero Raimondi, de Milão, Itália.
Essas missões tornaram-se regulares, duas a três por ano. Como a ONG Francesa “La Chaine de L’Espoir” tem atividades em outros países, o Dr. Rui Ferreira acompanha regularmente a ONG em missões humanitárias, com o intuito de passar a sua experiência.