Chefe do Exército nega estupros de rohingyas
O chefe do Exército birmanês negou que seus homens estupraram muçulmanas rohingyas no que a ONU descreve como limpeza étnica, durante a primeira visita ao país de uma delegação do Conselho de Segurança desde o início da crise.
“Não houveram abusos sexuais na história do Tatmadaw”, nome do Exército birmanês, assegurou o general Min Aung Hlaing à delegação, segundo declarações transcritas em sua página do Facebook, seu meio usual de comunicação.
Nesta declaração divulgada segunda-feira à noite, ele afirma que “sobre as supostas acusações de abusos sexuais, serão tomadas medidas contra quem for considerado culpado de abusos sexuais”.
No momento, o Exército não informou nenhum processo por estupro. Os refugiados rohingyas em Bangladesh denunciam estupros e execuções extrajudiciais. Apenas sete soldados birmaneses foram condenados pelo assassinato de dez rohingyas.
“O Tatmadaw continua a ser disciplinado e toma medidas contra qualquer pessoa que viole a lei”, insistiu o general. Estupro é algo “inaceitável para a cultura e religião de nosso país”, de população majoritariamente budista.
Mianmar foi acusada de limpeza étnica desde o lançamento, em agosto de 2017, de uma operação militar em retaliação a ataques rebeldes rohingyas. Quase 700.000 muçulmanos desta etnia se refugiaram em Bangladesh.
Estupros, torturas, assassinatos e incêndios de aldeias são algumas das acusações contra o Exército e milícias budistas.
O chefe do Exército repetiu a versão oficial, segundo a qual Mianmar “está disposta a acolher” os candidatos para o retorno, até agora poucos.
A delegação da ONU visitou Bangladesh antes de se reunir na segunda-feira com a líder do governo civil de Mianmar, Aung San Suu Kyi, e com o chefe do Exército. Nesta terça-feira, sobrevoará o estado de Rakine, a zona de conflito.
IstoÉ