Paraibana muda rumo da própria vida para ajudar irmã com transtorno raro de fala
Um transtorno raro, que afeta duas a cada mil crianças, a Apraxia de Fala na Infância, mudou a vida da paraibana Elce Correia. A garota que sonhava em fazer a faculdade de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, precisou mudar os planos que tinha para o futuro para ajudar Fernanda, sua irmã caçula, que teve o diagnóstico do transtorno motor de fala.
Apesar dos novos rumos em sua vida profissional, ela não se importou em seguir outra carreira. O amor e a vontade de ver a irmã tendo um diagnóstico correto e recebendo os cuidados adequados levou Elce a estudar medicina, curso no qual se formou em 2023.
Com determinação, ela passou a se debruçar sobre o estudo das síndromes genéticas com o objetivo principal de poder ajudar a irmã e outras famílias com pessoas que têm o mesmo diagnóstico e pouca informação sobre a condição.
“Fernanda só conseguiu pronunciar a primeira palavra com quase quatro anos de idade. Era uma situação angustiante não vê-la falar. Eu e minha mãe corremos atrás de vários especialistas, como fonoaudiólogos, pediatras, neuropediatras, entre outros, em João Pessoa e em outras cidades, com o intuito de descobrir o que ela tinha, e nada. Ninguém sabia nos dizer. E foi com esse desejo de ajudá-la que decidi fazer medicina”, lembra Elce.
Diagnóstico
Ao completar três anos e nove meses, Fernanda foi atendida pela fonoaudióloga Adriana Guerra, Conselheira Técnica da Associação Brasileira de Apraxia de Fala (Abrapraxia), no Recife. Só então foi diagnosticada com o distúrbio neurológico que atinge a produção dos sons da fala. O transtorno, de difícil identificação, afeta 2 a cada mil crianças no Brasil.
Hoje, aos 12 anos, Fernanda consegue se comunicar melhor e estuda em uma escola regular, com apoio multidisciplinar, além de contar com o acompanhamento e supervisão da Abrapraxia. Em casa, treinada pela irmã mais velha, ela pratica musculação.
Resultados
Em 2022, as duas irmãs participaram de uma prova de triatlon em João Pessoa. “A Nanda mais uma vez provou que pode fazer o que ela quiser. Treinamos muito para esse desafio. Durante a prova, ela nadou na praia, correu, pedalou e no final recebeu a tão esperada medalha. Ela é o meu orgulho”, diz a irmã.
Fernanda Correia é uma das 100 crianças com Apraxia de Fala que participam da pesquisa de mapeamento genético realizada numa parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Abrapraxia.
“Ter um diagnóstico precoce e entender as características da Apraxia de Fala na Infância são aspectos fundamentais para que crianças como Fernanda possam receber o melhor tratamento “, diz Fabiana Collavini, presidente da Abrapraxia.
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