Turquia e Rússia entregarão ‘gratuitamente’ cereais na África, diz Erdogan
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu nesta sexta-feira que Rússia e Turquia “vão entregar cereais gratuitamente” aos países africanos sob risco de fome, após um anúncio similar de Moscou no sábado. As exportações de grãos dos portos ucranianos foram retomadas na quinta-feira, após a volta da Rússia ao acordo assinado em julho, em Istambul.
No sábado, Moscou expressou sua disposição de entregar 500 mil toneladas de grãos, gratuitamente, aos países pobres nos próximos meses com a ajuda da Turquia.
— Vamos ajudar os países em desenvolvimento — declarou o chefe do Estado turco. — Putin me disse que deveríamos entregar, gratuitamente, grãos para esses países, como Djibuti, Somália, ou Sudão.
Erdogan acrescentou que os dois líderes conversarão “mais amplamente sobre o tema durante o G20”, previsto para acontecer em meados de novembro na Indonésia.
Os países do G7 (grupo que reúne os EUA e seis das maiores economias do mundo), por sua vez, pedirão à Rússia que estenda o acordo sobre as exportações de grãos ucranianos, que deve expirar em 19 de novembro, segundo um diplomata americano que pediu para não ser identificado.
O acordo permitiu exportar 10 milhões de toneladas de produtos agrícolas desde 1º de agosto, aliviando a crise alimentar mundial desatada pela guerra na Ucrânia.
Nesta sexta, um diplomata americano disse a jornalistas, à margem de uma reunião dos ministros das Relações Exteriores das economias mais avançadas em Munster, na Alemanha, que os países do G7 apoiaram, em particular, os esforços do secretário-geral da ONU, António Guterres, para “convencer a Rússia a prolongar o acordo”.
— Todos concordam com a necessidade de prolongar o acordo de grãos que transitam pelo Mar Negro — declarou a repórteres.
A Ucrânia é um dos maiores fornecedores mundiais de grãos e óleos vegetais globais, e a interrupção das exportações de seus portos no Mar Negro abalou o comércio de alimentos, fez com que os preços disparassem e provocou a ameaça de uma crise alimentar, em especial no Oriente Médio e na África.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial, um recorde de 345 milhões de pessoas em 82 países enfrentam insegurança alimentar aguda, enquanto 50 milhões de pessoas em 45 países correm o risco de passar fome sem ajuda humanitária.
AFP