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Rússia tenta desenvolver arma nuclear para destruir satélites com onda de energia massiva, dizem fontes

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O Kremlin, no centro de Moscou.Getty Images

A Rússia está tentando desenvolver uma arma espacial nuclear que destruiria satélites, criando uma enorme onda de energia quando detonada, potencialmente paralisando uma vasta faixa de satélites comerciais e governamentais dos quais o mundo abaixo depende para falar ao celular, pagar contas e navegar na internet, de acordo com três fontes familiarizadas com a inteligência dos EUA sobre a arma.

Estas fontes deram à CNN uma compreensão mais detalhada daquilo em que a Rússia está a trabalhar – e da ameaça que poderia representar – do que o governo dos EUA divulgou anteriormente.

O deputado republicano Mike Turner, de Ohio, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, desencadeou um frenesi em Washington na quarta-feira (14), quando emitiu uma declaração dizendo que seu painel “tinha informações sobre uma séria ameaça à segurança nacional”. Na sexta-feira (16), o presidente Joe Biden tinha confirmado publicamente que Turner se referia a uma nova capacidade nuclear anti-satélite russa – mas as autoridades se recusaram firmemente a discutir mais o assunto, citando a natureza altamente confidencial da inteligência.

A arma ainda está em desenvolvimento e ainda não está em órbita, enfatizaram publicamente funcionários do governo Biden. Mas se for utilizada, dizem as autoridades, cruzaria um ponto de equilíbrio perigoso na história das armas nucleares e poderia causar perturbações extremas na vida cotidiana de formas difíceis de prever.

Este tipo de nova arma – geralmente conhecida pelos especialistas espaciais militares como EMP nuclear – criaria um pulso de energia eletromagnética e uma inundação de partículas altamente carregadas que rasgariam o espaço para perturbar outros satélites que voam em torno da Terra.

Biden enfatizou publicamente na sexta-feira que “não há ameaça nuclear ao povo da América ou de qualquer outro lugar do mundo com o que a Rússia está fazendo neste momento”.

“Tudo o que eles estão fazendo e/ou farão está relacionado aos satélites e ao espaço e pode danificar esses satélites, potencialmente”, disse ele.

O Departamento de Defesa e a comunidade de inteligência acompanham há anos os esforços russos para desenvolver uma ampla gama de armas anti-satélite, incluindo um EMP.

E tem havido uma série de relatórios de inteligência nos últimos meses relacionados especificamente com os esforços da Rússia para desenvolver capacidades anti-satélites com energia nuclear, de acordo com um responsável da defesa.

Mas a Rússia fez recentemente progressos nos seus esforços para desenvolver um PEM nuclear – uma tecnologia relacionada, mas muito mais alarmante.

“Nosso conhecimento geral da busca russa por esse tipo de capacidade remonta a muitos, muitos meses, senão a alguns anos”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, na quinta-feira (15). “Mas só nas últimas semanas é que a comunidade de inteligência foi capaz de avaliar com um maior sentimento de confiança exatamente como a Rússia continua a persegui-lo.”

A comunidade de inteligência, disse Biden, “descobriu que havia capacidade de lançar um sistema ao espaço que poderia, teoricamente, fazer algo prejudicial”, mas que “ainda não tinha acontecido”.

“Não é um conceito novo e, como conceito, remonta ao final da Guerra Fria”, disse uma autoridade dos EUA. Mas, disseram eles, “o grande medo de qualquer eventual dispositivo EMP em órbita [é] que ele possa inutilizar grandes porções de órbitas específicas”, criando um campo minado de satélites desativados que “seria então perigoso para quaisquer novos satélites que pudéssemos tentar colocar para substituir ou reparar os satélites existentes.”

Não ficou imediatamente claro se o dispositivo, tal como concebido, poderia impactar o GPS e os satélites de comando e controle nuclear, que operam numa órbita mais alta do que a vasta constelação de satélites comerciais e governamentais que passam zunindo pela órbita baixa da Terra. Esses satélites maiores são projetados para serem inexpugnáveis a uma explosão nuclear, mas um ex-alto funcionário espacial do Pentágono disse à CNN que “eles poderiam ser vulneráveis” dependendo de quão perto estivessem do EMP, de sua idade e do tamanho da explosão.

‘Arma de último recurso’

Especialistas dizem que esse tipo de arma poderia ter o potencial de eliminar mega constelações de pequenos satélites, como o Starlink da SpaceX, que foi utilizado com sucesso pela Ucrânia em sua guerra em curso com a Rússia.

Isso quase certamente seria “uma arma de último recurso” para a Rússia, disse o funcionário dos EUA e outras fontes, porque causaria o mesmo dano aos satélites russos que também estivessem na área.

Também não está claro o quão desenvolvida é a tecnologia. A Rússia teve uma série de debacles públicos com sua tecnologia nuclear nos últimos anos. Em 2019, sete russos foram mortos em um acidente nuclear que ocorreu enquanto Moscou tentava recuperar um míssil de cruzeiro movido a energia nuclear que havia caído no Mar Branco durante um teste mal sucedido.

Ainda assim, uma recente avaliação de inteligência sobre o progresso russo alarmou alguns legisladores no Capitólio a ponto de Turner emitir um apelo para que todos os membros da Câmara fossem informados sobre o assunto.

Pouco depois, ele emitiu a vaga declaração pública que trouxe o assunto para o conhecimento público.

Várias fontes familiarizadas com o assunto disseram que a exposição da inteligência foi extremamente prejudicial porque a fonte era incrivelmente sensível. Segundo essas fontes, a comunidade de inteligência agora está lutando para descobrir como preservar seu acesso.

Autoridades da administração Biden afirmam que se a Rússia lançar um EMP nuclear, seria a primeira violação do Tratado do Espaço Sideral de 1967, que proíbe o posicionamento de armas de destruição em massa no espaço sideral.

“Seria uma violação do Tratado do Espaço Sideral, do qual mais de 130 países assinaram, incluindo a Rússia”, disse Kirby na quinta-feira, sem fornecer detalhes.

A Rússia se retirou de vários tratados de controle de armas nos últimos anos, deixando a arquitetura de controle de armas do pós-Guerra Fria praticamente desmantelada.

CNN Brasil

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