Rússia diz que ‘não aceitará’ preço máximo de US$ 60 em seu barril de petróleo
O governo russo não aceitará o preço máximo de US$ 60 por barril para o seu petróleo bruto tal como estipularam a União Europeia (UE) e o G7 em acordos na sexta-feira, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência Tass.
A declaração de Peskov foi a primeira reação do Kremlin desde que diplomatas europeus e do grupo dos sete países mais desenvolvidos tomaram a decisão sobre o valor-limite do petróleo russo na noite de sexta-feira, após longas e árduas negociações.
O limite proibirá que empresas dos países signatários do acordo forneçam serviços, incluindo frete e seguro, que permitam a entrega de petróleo russo em qualquer lugar do mundo caso o produto seja vendido acima do nível acordado.
Peskov foi categórico ao dizer que a medida não será aceita por Moscou, mas não deu detalhes de como procederá:
— Agora estamos analisando. Certas preparações foram feitas para tal teto. Não aceitaremos este teto — afirmou. — Iremos informar como será a organização dos trabalhos, após a análise, que será feita rapidamente
No final do mês passado, o Kremlin disse que preparava um decreto presidencial para proibir empresas russas e outros comerciantes de petróleo do país de revendê-lo a quem participasse de um mecanismo de limite de preço.
O decreto proibiria qualquer referência a um teto de preço em contratos de petróleo bruto ou produtos russos, e proibiria o envio de carregamentos destinados a países que adotem as restrições.
Um embargo da UE à grande maioria das importações russas de petróleo começa na segunda-feira, 5 de dezembro, então o preço máximo do barril se destina a compradores de fora da região, como China, Índia e Turquia.
Segundo dados marítimos e análises do Instituto de Finanças Internacionais, cerca de 55% dos petroleiros que transportam petróleo russo para fora do país são de propriedade grega, e as principais seguradoras para essas cargas estão sediadas na União Europeia e no Reino Unido.
Empresas em outras partes do mundo oferecem tais serviços, e a Rússia os utiliza, mas mudar todas as suas exportações para fornecedores alternativos provavelmente seria mais caro e menos seguro para os compradores, e não está claro se os atuais distribuidores poderão ser substituídos.
Os diplomatas que negociaram o acordo precisaram encontrar um nível que fosse atraente o suficiente para Moscou continuar a vender o petróleo, de modo a evitar grandes impacto nos mercados internacionais, mas que pudesse reduzir suas receitas mesmo assim.
É controverso se, mesmo sem esforços adicionais do Kremlin, a medida terá efeitos, porque o preço médio do Ural — como é chamado o barril de petróleo cru russo — já caiu a menos de US$ 60. Nesta semana, o seu valor oscilou entre US$ 45 e US$ 48, mas há relatos de que refinarias na China e na Índia chegaram a obter valores abaixo de US$ 25 em semanas recentes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou neste sábado o valor estipulado:
— Não é uma decisão séria fixar tal limite para o preço russo (do petróleo bruto), uma vez que fica muito confortável para o Estado terrorista.
Segundo o Gabinete, o valor máximo deveria ser a metade.
O Globo