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Fed sobe os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

2022-06-15t050010z-1701265270-rc217s9sftzk-rtrmadp-3-usa-fed-inflation-599x400 Fed sobe os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA. (Foto: REUTERS/Joshua Roberts)

O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumentou as taxas de juros do país nesta quarta-feira (22) para uma faixa de 4,75% a 5% — uma alta de 0,25 ponto percentual. O resultado está dentro das expectativas de mercado.

Na divulgação, o Fed citou a turbulência que atingiu o sistema bancário norte-americano, com a quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank, além da crise enfrentada pelo First Republic Bank, que recebeu socorro bilionário de outros 11 bancos.

“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, disse o comunicado do banco central norte-americano.
A decisão também destacou que a inflação do país segue elevada, com emprego em alta e em “ritmo robusto”. O Federal Reserve sinalizou ainda que pode seguir com o arrocho monetário.

“O Comitê antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, continuou o comunicado.

Para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, o ciclo de altas se encerrou, e o tom adotado pela autoridade norte-americana faz parte de uma retórica.

“O Fed precisa passar uma imagem de que ele está comprometido em diminuir a inflação. Ou seja, ele precisa mostrar que não vai ser transigente com uma inflação muito além do que está previsto na meta”, diz. “Não deve vir mais ajuste. Claro que o cenário pode mudar, mas, hoje, acredito que o ciclo se encerrou.”

Combate à inflação

O banco central norte-americano vem aplicando altas sucessivas na taxa básica de juros para conter a alta inflação do país. Em termos simples, o arrocho monetário é uma forma de dificultar o acesso ao crédito, desaquecer a atividade econômica e, assim, incentivar a queda nos preços.

O objetivo do Fed é aplicar uma política monetária que reduza a inflação à casa dos 2% — marca que não é atingida desde fevereiro de 2021, quando chegou 1,7% no acumulado em 12 meses. Desde então, foram sucessivas altas na inflação — atualmente na casa dos 6% — e, consequentemente, na taxa de juros, que vem em uma crescente desde março de 2022.

Na última reunião, em fevereiro, o banco central dos EUA havia elevado o referencial de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,5% a 4,75% ao ano, já dando sinais de desaceleração no avanço dos juros do país.

Leia abaixo o comunicado na íntegra:

Federal Reserve emite declaração do FOMC

Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação segue elevada.

O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação.

O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais de 4-3/4 para 5%. O Comitê monitorará de perto as informações recebidas e avaliará as implicações para a política monetária. O Comitê antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo. Ao determinar a extensão dos aumentos futuros no intervalo da meta, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômico-financeiros. Além disso, o Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito em seus planos anunciados anteriormente. O Comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.

Ao avaliar a orientação apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.

Os votos a favor da ação de política monetária foram Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michael S. Barr; Michelle W. Bowman; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Patrick Harker; Philip N. Jefferson; Neel Kashkari; Lorie K. Logan; e Christopher J. Waller.

G1

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