Militar preso com drogas em avião da FAB será processado por crime contra saúde pública na Espanha
A Guarda Civil espanhola deteve nesta terça-feira no aeroporto de Sevilha um militar brasileiro que havia transportado 39 quilos de cocaína em um avião da FAB integrado à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, segundo confirmaram fontes da corporação policial ao EL PAÍS.
A prisão ocorreu durante uma escala do avião reserva da presidência em Sevilha, no sul da Espanha, rumo a Tóquio, onde Bolsonaro participará da reunião do G-20. O ministério brasileiro de Defesa emitiu nota confirmando a detenção do militar por tráfico de entorpecentes, e Bolsonaro também escreveu um tuíte sobre o fato.
Fontes da Guarda Civil disseram que a detecção da droga e a posterior detenção do militar ocorreram quando os membros da tripulação e suas bagagens passaram pelo controle alfandegário obrigatório após a chegada a Sevilha. O militar foi levado para o comando da Guarda Civil na capital andaluza, e na quinta-feira passará à disposição judicial para responder por crime contra a saúde pública. O Ministério da Defesa disse em seu comunicado que “repudia” os atos do militar e que colaborará com as autoridades espanholas na investigação. No Twitter, Bolsonaro disse que pediu ao ministro da Defesa que preste “imediata colaboração” à polícia espanhola.
Após o incidente em Sevilha, a Presidência alterou a rota da viagem de Bolsonaro a Tóquio, segundo o portal UOL. Após decolar de Brasília, Bolsonaro fará escala em Lisboa em vez de Sevilha, segundo constava na sua agenda no final da noite de terça. O gabinete de imprensa do presidente não explicou o motivo da mudança.
Não é a primeira vez que membros da FAB usam sua condição de militares para traficar drogas. Em abril, o Tribunal Superior Militar decretou a expulsão da corporação de um comandante pelo transporte de 33 quilos de cocaína numa aeronave militar que se dirigia à França com escala nas ilhas Canárias. Outros dois colegas do comandante já tinham perdido o posto por sua participação no caso, ocorrido em 1999. O comandante foi condenado a 16 anos da prisão por integrar “uma rede especializada no tráfico internacional de cocaína” com a ajuda de aviões da FAB.
EL PAÍS