Reino Unido chama de ‘inaceitável’ apreensão de petroleiros pelo Irã
O Reino Unido qualificou nesta sexta-feira (19) de inaceitável a apreensão pelo Irã de dois petroleiros no estreito de Hormuz e defendeu a liberdade de navegação no golfo Pérsico, uma das mais importantes rotas internacionais de transporte de petróleo. O Irã afirmou ter apreendido apenas uma embarcação.
“Estou extremamente preocupado com a apreensão de dois navios por autoridades iranianas no estreito de Hormuz”, afirmou o secretário do Exterior britânico, Jeremy Hunt.
“Essas apreensões são inaceitáveis. É essencial que a liberdade de navegação seja mantida e que todos os navios possam circular com segurança e liberdade na região.”
“Em breve vou participar de uma reunião para verificar o que se sabe e o que pode ser feito para rapidamente assegurar a liberação dos dois navios”, acrescentou.
À rede Sky News Hunt afirmou que haveria consequências se o Irã não devolvesse os navios, mas afirmou que não estava pensando numa opção militar.
O Reino Unido disse que está buscando informações sobre o petroleiro Stena Impero, que se dirigia a um porto na Arábia Saudita e mudou repentinamente de rota após passar pelo estreito.
De acordo com a agência de notícias estatal iraniana Irna, a embarcação havia desligado seu rastreador, ignorou as ordens da Guarda Revolucionária e estava navegando na contramão da rota.
A empresa proprietária do navio disse que a embarcação foi cercada por pequenas aeronaves e um helicóptero enquanto atravessava o estreito, em águas internacionais, e que perdeu o contato com o navio, capaz de carregar 30 mil toneladas de petróleo.
Um segundo petroleiro, de operação britânica mas bandeira liberiana, o Mesdar, mudou bruscamente de rota, indo em direção à costa iraniana após passar pelo estreito de Hormuz, de acordo com informações de rastreamento.
Mas o Irã negou ter apreendido essa embarcação, afirmando que o Mesdar retomou seu curso depois de ter sido alertado de “questões de segurança” por forças iranianas, segundo a agência Tasnim.
Já o operador britânico do navio, Norbulk Shipping, disse que homens armados embarcaram no Mesdar e que a embarcação pôde retomar seu curso depois que eles foram embora.
“A comunicação foi reestabelecida com o navio, e o Mesdar confirmou que os homens armados foram embora, e o navio ficou livre para seguir viagem. Toda a tripulação está bem e a salvo”, afirmou o Norbulk Shipping.
Hunt afirmou que o embaixador britânico em Teerã está em contato com o Ministério de Assuntos Exteriores para resolver a situação e que o Reino Unido está trabalhando com seus parceiros internacionais.
A tensão nas relações entre o Irã e o Ocidente tem aumentado nos últimos meses por questões de segurança no golfo, das sanções americanas contra o Irã e o do programa nuclear iraniano, gerando temores de um conflito nessa rota marítima. O preço do petróleo subiu nesta sexta, ultrapassando o valor de US$ 62 por barril.
“A liberdade de navegação é vital para o comércio global, e encorajamos todas as nações a defender este princípio fundamental do direito marítimo”, disse ele.
Ainda nesta sexta, o Irã desmentiu declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, de que um navio americano teria “destruído” um drone iraniano e disse, com ironia, que Washington pode ter abatido um de seus próprios aparelhos “por engano”.
Trump afirmou na quinta que o navio USS Boxer havia destruído, no estreito de Hormuz, um drone iraniano que se aproximava “perigosamente” da embarcação americana.
“Alegações delirantes e sem fundamento”, reagiu o general de brigada e porta-voz das Forças Armadas iranianas Abdolfazl Shekarchi, citado pela agência de notícias Tasnim.
“Todos os drones no golfo Pérsico e no estreito de Hormuz, incluindo aqueles que o presidente dos EUA pensa ter derrubado, retornaram para sua base ontem”, acrescentou o oficial.
“Tenho medo de que o USS Boxer tenha abatido um de seus próprios drones por engano”, tuitou o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi.
“Não há dúvida sobre isso, o abatemos”, disse Trump no Salão Oval, onde seu assessor de Segurança Nacional, John Bolton, acrescentou que “não há dúvida de que se tratava de um drone iraniano”.
Um funcionário do governo americano afirmou, na condição de anonimato, que os EUA têm “provas claras” da destruição de um drone iraniano.